Com uma convocação massiva, o evento mostra o enorme potencial do turismo na região.
Descobrir, inovar e aprender foram os slogans escolhidos como motes da WTM Latin America 2023, que aconteceu a partir de segunda-feira, 3, no Centro Norte de São Paulo, e termina hoje. O evento contou com a presença das mais importantes autoridades turísticas do país, mais de 500 expositores e 40 países.
Corredores movimentados e plateia lotada. Assim foi visto do pavilhão no segundo dia da WTM Latin America, o maior e mais importante evento de turismo B2B da região. Nos três teatros temáticos – Explorar Tecnologia, Explorar Transformação e Explorar Tendências – o que se viu foram debates sobre tendências, desafios e questões essenciais para o dia a dia do trade turístico.
A tarde começou com um treinamento no Mato Grosso do Sul para os participantes do programa Agente Estrada. Um dos destaques foi a rota gastronômica do Pantanal, atração a mais para quem visita o Pantanal, e a região da Serra do Amolar, a “mais profunda” de todo o bioma, onde você tem o contato mais real com a vida selvagem. . As paisagens únicas do bioma, a prática da pesca esportiva, as cavalgadas e o safári noturno também foram abordados pelo estado que comemora o recorde de visitas em 2022.
Para obter resultados ainda melhores em 2023, o estado trouxe para a WTM Latin America uma caravana com dezenas de empresários locais.
“A WTM é uma grande vitrine para nós, e estamos aproveitando que agentes de viagens, operadoras, influenciadores nacionais e internacionais, os principais players do mercado, estão aqui para reforçar as atrações e apresentar as novidades”, disse Bruno Wendling , diretor-geral da Fundação de Turismo do Mato Grosso do Sul.
O restante do dia foi marcado por debates atuais sobre diversos temas, desde a acessibilidade em viagens até a
demanda hoteleira na América Latina. A última sessão do segundo dia do evento destacou as 17 iniciativas da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e Equador que ganharam o Prêmio Turismo Responsável.
Acessibilidade e inclusão
“A Tecnologia que Transforma – Acessibilidade e Inclusão Funcional em Viagens” foi o tema de um painel com a participação de Jéssica Paula, jornalista e idealizadora da plataforma Passaporte Acessível e com deficiência física desde criança; Ricardo Shimosakai, cadeirante, agente de viagens e especialista em acessibilidade e inclusão com foco em Turismo; e Janaína Bernardino, deficiente visual e especialista em design inclusivo. Shimosakai destacou algumas experiências pessoais de estabelecimentos que não estão preparados para recebê-los. Como banheiros com grades mal posicionadas, elevadores pequenos e difíceis de usar em vez de simples rampas de acesso às dependências, e adaptações em quartos de hotéis que, embora tenham beneficiado a acessibilidade, eliminaram elementos de conforto do quarto para ter mais espaço livre. , dificultando a hospedagem menos lucrativa. “É preciso conhecer os hábitos de quem viaja, inclusive os portadores de necessidades especiais. Isso evita trazer ‘soluções’ que na verdade mais atrapalham do que ajudam”, alertou.
Tendências de viagens
Do palco do Explora Tendências, Roberto Nedelciu e Marina Figueiredo, respectivamente presidente e vice-presidente da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), anteciparam as perspectivas do anuário que será lançado na próxima semana. Os dados apontam para nove tendências de viajantes, recolhidas em inquéritos aos 56
operadores associados. Um dos destaques é a busca por experiências coletivas, ou seja, viagens em grupos de
pessoas com interesses particulares. “Esse movimento é benéfico para todos, pois o cliente consegue
preços mais competitivos e o mercado tem uma venda mais fácil e rentável”, defendeu Roberto.
A lista inclui ainda experiências imersivas, conforto e descontração, viagens em família, roteiros para públicos maduros, viagens responsáveis, viagens prioritárias e experiências para o ano todo. “Os destinos estão com um novo olhar
sobre a sazonalidade, criando eventos e atrações em períodos alternados, tendência que surgiu durante a
pandemia e ainda está ativa”, completou Marina.
A nova Head of Travel do Google, Débora Bonazzi, apresentou dados sobre “A Nova Jornada do Viajante”, com
tendências na demanda de viagens que diferem do período pré-pandemia. Os dados foram otimistas, pois o Google constatou que há cerca de 10% a mais de viajantes regulares em 2023 em relação a 2019, a julgar pelas buscas que realizam na plataforma. Além disso, as pesquisas de hotéis quase dobraram para a mesma comparação.
Houve uma mudança importante no modo de transporte: enquanto as buscas por passagens aéreas caíram 3%, as buscas por passagens de ônibus cresceram 26%. Também foram apresentados dados sobre os hábitos de viagem da
Geração Z, que devem se tornar os mais numerosos dentro de alguns anos. Segundo o Google, esse viajante é menos apegado às marcas e mais ávido por experiências autênticas e contato próximo com as culturas locais, além de se preocupar mais com a sustentabilidade. Seus destinos mais populares para viagens internacionais estão na América Latina e na Ásia.
afroturismo
Uma equipe forte subiu ao palco do Explore Transformation Theatre para abordar um tema que ainda precisa ser trabalhado com muito aprendizado do ofício. “Afroturismo e o agente de viagens: o que devo saber?” O
conteúdo focou na cadeia de vendas e contou com a participação de Bia Moremi (Brafrika Viagens), Guilherme Soares Dias (Guia Negro), Heitor Salatiel (gerente de experiências culturais e turísticas) e Nilzete dos Santos (Afrotours).
“Nossa proposta é mostrar a verdadeira história de uma cidade por meio de experiências que agregam valor.
Queremos ensinar o que não se aprende na escola e é totalmente possível oferecer uma experiência como esta como complemento do pacote turístico. O trade turístico precisa se abrir para essa oferta”, diz Nilzete,
e acrescenta que sua empresa recebe pedidos de viajantes da Rússia, Japão e vários países europeus.
viagens de incentivo
Uma pesquisa da Associação Latino-Americana de Gestão de Viagens Corporativas e Eventos (Alagev) mostrou que o
mercado de viagens de incentivo voltou da pandemia com tendências promissoras. O estudo avaliou os aspectos mais importantes desse tipo de viagem, tanto para as empresas que enviam funcionários quanto para as agências
que se encarregam das viagens, ambas com expectativas de aumentar o volume de orçamentos em um futuro próximo.
Segundo Alagev, o retorno sobre o investimento (ROI) é hoje o principal fator considerado para comprovar o
valor das viagens de incentivo. As empresas também valorizam o desenvolvimento profissional dos colaboradores que viajam
, enquanto as agências acreditam que poder promover experiências únicas e atendimento de qualidade
são os principais atrativos para convencer os clientes a usar as viagens de incentivo. Também foram considerados os destinos mais frequentes e as preocupações das empresas ao realizá-los. “O mercado doméstico está mais aquecido, embora o internacional também esteja crescendo. Mas é algo dinâmico e muito motivado por questões pontuais como o câmbio e a fila de vistos para os Estados Unidos, por exemplo”, avaliou Sandra Roscito, do BWH Hotel Group. “Um aspecto que veio para ficar é a responsabilidade social, que vemos cada vez mais nos orçamentos solicitados. É a política ESG que veio para ficar, e agora todos precisam ter”, acrescentou Anay Gremaud, do Enjoy Punta del Este Resort & Casino.
demanda de hospitalidade
Outro estudo apresentado veio do OTA Insight, que coleta dados de mais de 60 hotéis em todo o mundo. O líder da equipe da empresa para a América Latina, Ricardo Souza, apontou um aumento na demanda por acomodações em 2023 em relação a 2022, como festivais de música. O segundo semestre não deve ser tão exorbitante, mas ainda vai ser melhor que o ano passado”, analisou. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, a procura por hospedagem em janeiro e fevereiro deste ano cresceu mais de 20% em relação ao mesmo período de 2019. Outros mercados, como Salvador (BA), Fortaleza (CE) e Gramado (RS) , eles também mostraram expectativas positivas para a alta temporada.
A tendência de recuperação das margens de lucro também foi observada. Para hospedagem no Rio de Janeiro, o valor chega a ser 180% superior ao de 2019, segundo a OTA Insight. Os destinos do Nordeste também tiveram aumentos consistentes de preços. Porto Alegre foi a exceção, ainda oferecendo preços mais baixos do que no período pré-pandemia.
Prêmio Turismo Responsável
O dia também foi marcado pela entrega do Prêmio Turismo Responsável, criado para reconhecer o progresso, permitir a replicação de casos de sucesso e a construção conjunta de um mundo mais sustentável. A organização
comemorou 66 inscritos e destacou os 17 vencedores na edição dedicada a Ariane Janér. “Ela abriu caminho
para o ecoturismo no Brasil”, disse Gustavo Pinto, coordenador do prêmio.
A premiação faz parte da família Global Responsible Tourism Awards, criada há oito anos para validar boas práticas na indústria do turismo. Os finalistas das seis categorias foram julgados por oito profissionais de diferentes áreas do continente, segundo três critérios: originalidade, impacto e potencial de replicação na indústria do turismo. Conheça os vencedores:
1. Categoria: Melhores Soluções para o Gerenciamento de Resíduos Plásticos
Gold – Desenvolvimento Sustentável Raíces
Gold – Preserve Pipa
Silver – Wilderness Patagônia
2. Categoria: Melhores Conexões Significativas
Ouro– La Moya
Ouro– Mobiliza SLZ
Prata– Quinti Equador
Prata– Ype
3. Categoria: Melhores modelos de comércio local, artesanato e gastronomia
Ouro- Antioquia é Mágica
Prata- Rota do Enxaimel SC
4. Categoria: Enfrentando as mudanças climáticas
Gold- Say Hueque
Silver- Fundação de Turismo do Mato Grosso do Sul
5. Categoria: Melhores soluções para promover a diversidade e a inclusão
Gold- La Unión Coffee Farm
Gold- Rede BATUC – Bahía Community Tourism
Silver- Diaspora.Negra
6. Categoria: Melhores iniciativas de conservação da natureza
Ouro- Las Torres Patagônia
Ouro- Toca do Kaynã
Prata- Wilderness Patagônia
Source: Reed Exhibitions Limited
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